Com a morte de Haroldo Costa, Orfeu se encanta na figura deste artista que deu voz em cena à dupla Tom & Vinicius
Haroldo Costa (1930 – 2025) em cena como Orfeu da Conceição, personagem-título da peça encenada em 1956 no Rio de Janeiro Reprodução ♫ CRÔNICA ♬ Co...
Haroldo Costa (1930 – 2025) em cena como Orfeu da Conceição, personagem-título da peça encenada em 1956 no Rio de Janeiro Reprodução ♫ CRÔNICA ♬ Com a morte de Haroldo Costa (13 de maio de 1930 – 13 de dezembro de 2025) neste sábado, aos 95 anos, Orfeu se encanta. Falo de Orfeu da Conceição, personagem-título do já mítico espetáculo teatral que chegou à cena em 25 de setembro de 1956 com Haroldo na pele do sambista de uma favela carioca. Como Orfeu, coube a Haroldo Costa dar voz, juntamente com o coro do musical encenado no Theatro Municipal do Rio de Janeiro e depois no Teatro João Caetano, às músicas da nascente parceria de Antonio Carlos Jobim (1927 – 1994) e Vinicius de Moraes (1913 – 1980), formada para o espetáculo. Sim, com Orfeu da Conceição, entrou em cena a parceria fundamental dessa dupla que contribuiria decisivamente, dois anos depois, com o cancioneiro da bossa nova que já vinha sendo gestada, mas que irrompeu de fato em 1958. E foi com a voz de Haroldo Costa à frente do coro que os espectadores de Orfeu da Conceição ouviram em primeira mão maravilhas como Se todos fossem iguais a você (1956), primeira das incontáveis obras-primas da dupla que se juntou para compor a trilha sonora do espetáculo escrito por Vinicius de Moraes a partir do mitologia grega de Orfeu e Eurídice. Na imaginação do poeta, Orfeu virou sambista e habitante de uma favela carioca. E continuou apaixonado por Eurídice. Apaixonado por samba e Carnaval, Haroldo Costa batalhou para interpretar o personagem-título. Mas não precisou lutar muito para convencer o diretor Léo Jusi e o próprio Vinicius de que ele era Orfeu. E assim foi. Artista multimídia, Haroldo Costa foi ator, diretor, escritor (autor de livro referencial sobre a trajetória da escola de samba Acadêmicos do Salgueiro) e comentarista de Carnaval, entre outras atividades culturais relevantes. Mas Haroldo foi Orfeu. E, como Orfeu, ele hoje se encanta para ficar na história do teatro e da música brasileira.
