Prefeito da capital decreta situação de emergência por cheia do Rio Acre que já afeta mais de 4 mil famílias
Prefeito de Rio Branco, Tião Bocalom, assinou o decreto na tarde desta sexta-feira (14) para agilizar as ações de assistências as famílias afetadas pela enchente do Rio Acre.

O prefeito Tião Bocalom decretou, na tarde desta sexta-feira (14), situação de emergência devido à enchente do Rio Acre na capital acreana. O nível das águas chegaram a 15,33 às 15h desta sexta. Anteriormente, ao meio-dia, a marcação era de 15,24 metros, já tendo subido sete centímetros naquela ocasião.
⚠️Contexto: A cota de alerta do Rio Acre na capital é de 13,50 metros e a de transbordo é de 14 metros em . O manancial na capital está acima desta marca desde segunda-feira (10) e chegou a ter vazante na terça (11) e quarta (12). No entanto, ainda na noite de quarta, voltou a subir e segue neste ritmo a cada medição, que é feita a cada três horas. São, no total:
- 4 mil famílias diretamente afetadas pela enchente;
- Mais de 65 famílias desabrigadas;
- Mais de 100 famílias desalojadas, ou seja, estão na casa de parentes ou amigos;
- Cerca de 15 comunidades rurais afetadas, dentre elas três são isoladas;
- 41 bairros da capital atingidos.
"Vamos encaminhar para Brasília para ser feito o reconhecimento pela Defesa Civil Nacional e, a partir disso aí, a gente vai poder fazer as aquisições e compras necessárias. Precisamos ampliar os abrigos, comprando alimentação, colchões e outros itens que precisam ser comprados para atender a população de emergência. Se não tiver o decreto, a gente demora demais a comprar e o momento não permite esperar uma licitação", explicou Bocalom.
Outra demanda da reunião foi a inserção do Imposto sobre a Propriedade Predial e Territorial Urbana (IPTU) 2025 para os moradores de áreas atingidas pela cheia. "Como fizemos em anos anteriores, vamos atender esse pedido dos vereadores. Encaminharemos para a Câmara de Vereadores o projeto de lei insertando, mais uma vez, as famílias atingidas nessa alagação", disse o gestor.
O coordenador da Defesa Civil de Rio Branco, tenente-coronel Cláudio Falcão, a previsão é de que o nível do Rio Acre ultrapasse os 16 metros no final de semana e que segunda-feira (17) as chuvas se intensifiquem. "São elementos e um conjunto de fatores que acaba agravando o cenário que já vivemos", lamentou.
Parque de Exposições
As famílias desabrigadas começaram a ser levadas ao abrigo montado no Parque de Exposições Wildy Viana, nomeado como Parque Abrigo, na manhã desta sexta-feira (14), em Rio Branco. Ao chegarem no Parque de Exposições, as famílias fazem um cadastro e são direcionadas ao espaço onde poderão se instalar. Elas recebem refeições produzidas por equipes da prefeitura no local.
A orientação é que os moradores não tentem se deslocar ao abrigo por conta própria. É necessário acionar as equipes pelo número 193 para que seja gerada uma ocorrência, e a partir daí a retirada seja feita pelo órgão.
O motoboy Jean Costa foi um dos primeiros moradores a chegarem no Parque Abrigo. À Rede Amazônica Acre, ele ressaltou que é o quinto ano consecutivo que ele e a família ficam desabrigados por conta da enchente. Ele mora no bairro Cadeia Velha, e diz que as águas já começaram a atingir casas da região, e por isso decidiu sair de lá.
"Cinco anos consecutivos com esse que eu passo, interrupto, cinco anos consecutivos sem falhar um ano", desabafou.
A esposa dele passou por uma cirurgia e seria levada ao abrigo ainda nesta sexta. Ele cobra uma resposta mais efetiva do poder público diante do cenário de cheia.
"[Sensação] de tristeza, angústia, sofrimento, de ver todo ano você sofrer e o poder público não tomar uma atitude, uma providência. Saber que todo ano a água é naquele lugar e não se manifestar e pegar as pessoas, retirar para parar com esse sofrimento porque a gente perde as coisas. A gente perde tudo, quando volta a casa está a maior porcaria, é lajota se soltando, madeira. Então, o poder público deveria olhar para essa situação. A gente é quem sofre, padece, sente na alma a dor de estar num lugar desse, dependendo deles, [mesmo] ajudando com um acolhimento bom. Isso é muito doido para a gente, só sabe quem passa", comentou.
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