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Projeto de alunos da Ufac registra patente de processo inovador para produção de nibs de cupuaçu

Desenvolvido em parceria com a Cooperativa Reca, o método permite a separação eficiente dos nibs e tegumentos da fruta, tornando viável a produção de nibs de cupuaçu, mais facilmente.

Projeto de alunos da Ufac registra patente de processo inovador para produção de nibs de cupuaçu
Projeto de alunos da Ufac registra patente de processo inovador para produção de nibs de cupuaçu (Foto: Reprodução)

Uma pesquisa conduzida por professores e alunos da Universidade Federal do Acre (Ufac), junto com técnicos e agricultores da Cooperativa Reca, conquistou o registro da patente "Processo físico de separação dos nibs e dos tegumentos de amêndoas fermentadas e secas de cupuaçu".

Os nibs de cupuaçu são um produto alimentício de alto valor agregado e são a matéria-prima para fabricação de cupulate, um produto similar ao chocolate. O método dos pesquisadores permite a separação desses nibs e tegumentos, tornando viável a produção.

O professor Eduardo Pacca Luna Mattar, do Centro de Ciências Biológicas e da Natureza (CCBN), explicou que a remoção do tegumento (casca) das amêndoas de cupuaçu sempre foi um desafio para a cadeia produtiva.

“Diferentemente do cacau, esse processo no cupuaçu é mais difícil. Para produção de nibs de cacau ou de cupuaçu, é necessário que as amêndoas sejam fermentadas e torradas. Após, é importante a remoção do tegumento. No cacau esta “casca” é removida com certa facilidade, no entanto no cupuaçu este processo é mais difícil", disse.


Eduardo salientou que por esse motivo, surgiu a necessidade de se buscar alternativas para o processo.

"Desta forma a equipe desenvolveu técnica de baixo custo que tritura as amêndoas e separa as frações por métodos que consideram as diferenças de tamanho e de densidade. Nossa patente criou um método de baixo custo para essa separação, viabilizando a produção dos nibs de forma mais acessível e eficiente”, esclareceu.

O professor comentou que além do impacto econômico, a inovação agrega valor à produção local e fortalece práticas sustentáveis no setor. O processo patenteado utiliza uma combinação de técnicas para a separação dos nibs e tegumentos das amêndoas fermentadas de cupuaçu.

A torração ocorre em forno não rotativo a 130°C, seguida por trituração mecânica e peneiração em diferentes malhas. A inovação está na aplicação do método de floculação em água, que permite separar os nibs das cascas de maneira mais eficiente e com menor custo, garantindo um alto rendimento e qualidade do produto final.

O estudo demorou em torno de um ano e foi feito como parte do projeto “Formação profissional em agropecuária dos trópicos úmidos, Amazônia brasileira” do Programa de Residência Agrígola, promovido pela Secretaria de Agricultura Familiar e Cooperativismo (SAF) do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA).

O pedido da patente foi depositado em 1º de agosto de 2023 e publicado pelo Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI) em 4 de fevereiro de 2025.

Os experimentos aconteceram na Unidade de Tecnologia de Alimentos (UTAL) da Ufac. “Esse é um marco para a universidade”, destacou Mattar.


O estudo é uma cooperação da Ufac com a Cooperativa Reca, que está na divisa entre Rondônia, Acre, Amazonas e Bolívia e é referência mundial na produção de cupuaçu, de bacaba, copaíba, sangue de dragão, rambotã e seringa. Eles tem demanda e interesse no aproveitamento de amêndoas desta espécie para produção de nibs e similares do chocolate.

O professor comenta que os nibs são um produto que pode ser consumido diretamente. Muitos chamam popularmente de “chocolate do vegano" e também serve como matéria prima para confecção de chocolates ou semelhantes.



Cupulate

Fruta da mesma família do cacau, o cupuaçu começou a ganhar a mesma atenção do seu "primo" na produção do chocolate, ou como preferem os pesquisadores: cupulate.

O doce é feito a partir do tegumento, ou a casca, da amêndoa (semente) do cupuaçu. Após a retirada da semente, é produzido o nibs e, posteriormente, o chocolate.

A aparência, o aroma e o sabor lembram chocolate, mas leves notas cítricas, amendoadas e amadeiradas, e um gosto distinto, indefinível, confundem o paladar.

Cupulate no Acre

Em 2022, residentes de cursos de ciências agrárias e professores da Universidade Federal do Acre (Ufac) montaram um projeto-piloto, em parceria com a Cooperativa Reca, de Rondônia, e uma empresa de Santa Catarina, que estudava a fabricação de chocolate de cupuaçu, também chamado de cupulate.

O doce era feito a partir do tegumento, ou a casca, da amêndoa (semente) do cupuaçu. Após a retirada da semente, é produzido o nibs e, posteriormente, o chocolate. As equipes já conseguiram produzir um cupulate amargo com 70% de nibs e outro ao leite com 22%.

O projeto iniciou em 2021 e o professor explicou que o maior desafio identificado era como produzir os nibs de cupuaçu, que tem um processo similar ao do cacau. Contudo, as equipes descobriram que a retirada do tegumento de cupuaçu era bem mais difícil.

Agora com essa nova patente, o "problema" foi resolvido.


FONTE: https://g1.globo.com/ac/acre/noticia/2025/04/08/projeto-de-alunos-da-ufac-registra-patente-de-processo-inovador-para-producao-de-nibs-de-cupuacu.ghtml 

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